segunda-feira, janeiro 26, 2009

Era uma rosa
Banhava-se na chuva
Despia-se ao vento
E ria-se dos bichos
Afinal eram engraçados
Não os temia.

Morava plantada num chão verde
E apesar de curiosa nunca viajara
Conhecia o mundo de ouvir falar.

Sempre fugia-lhe um filho 
Da sua vasta prole de pólens e sementes
Era boa mãe mas fugiam-lhe os filhos
Queriam florir os campos
Mas o colo de sua mãe 
Era deles a prisão.

Tudo no ciclo imutável da rosa
De aurora e crepúsculos ia bem
Até que disfarçado le surge o trágico
Era um rapaz apaixonado.
Fitou-a e com o polegar em pinça
Arrancou-a da terra.

A rosa ao contrário do que pensam
Estava satisfeita. Afinal,
O que há de mal em ser colhida da terra
Para ser posta em água
No vaso da casa, da amada de um apaixonado?

O trágico fora que a rosa se enganara
O rapaz incerto do amor da amada
Arrancou uma por uma suas pétalas
Amputando-a por nada.

Mal me quer
Morte da rosa

Descrença do rapaz apaixonado.

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